Um novo som para Samuel
- clararockenbachdas
- 8 de set.
- 2 min de leitura
Atualizado: 26 de set.
Conheci o Samuel quando tínhamos apenas 3 anos, nas aulas de violino. Crescemos juntos entre cordas, notas e risadas. Ele sempre teve um talento enorme, mas também enfrentava desafios com a prótese que usava para tocar. Samuel nasceu com agenesia congênita do braço direito, o que significa que não possui parte da mão e do antebraço.

A prótese antiga era rígida e alongada, bloqueando o movimento natural do pulso e dificultando sua flexibilidade ao tocar. Eu não sabia explicar o porquê, mas aquilo me tocava profundamente.
Anos depois, com a curiosidade despertada pela impressora 3D dos meus irmãos, começamos a imaginar juntos como poderia ser uma prótese diferente. Nada de invenção mirabolante, só um jeito mais confortável para que ele pudesse tocar do seu jeito. Foram semanas de testes, ajustes e conversas. Samuel participou de cada detalhe (desde o ângulo do arco até os acabamentos que garantem o conforto).
A cada tentativa, aprendíamos juntos.
A nova prótese foi criada para que Samuel pudesse segurar o arco como sempre fez, mas agora sem perder a liberdade do movimento do pulso — algo essencial para tocar com fluidez. O encaixe vem logo depois do pulso, preservando sua mobilidade. Para manter o arco firme, colocamos pequenos parafusos que ele mesmo pode ajustar, sem depender de ninguém.
O ângulo da peça também nasceu das escolhas dele, resultado de semanas de testes e descobertas até encontrar o jeito que mais respeitava sua forma única de tocar.
O resultado foi uma prótese que preserva o movimento do pulso, fornece autonomia e
liberdade para ele ajustar sozinho e, principalmente, respeita sua forma única de tocar. Não foi sobre criar algo perfeito, mas sobre escutar, experimentar, errar e recomeçar.
Enquanto isso, lembrava da história de Adrian Anantawan, violinista canadense que nasceu sem parte do braço e transformou sua trajetória em inspiração para o mundo. Ele disse uma vez: “Muitas vezes, deixamos o medo nos impedir de tentar qualquer coisa.
Para mim, minha história sempre foi sobre simplesmente tentar, aceitar o fracasso e ver quais resultados surgem.”
No fim, percebi que esse processo foi também uma escola para mim. Aprendi que inovação não nasce da pressa ou da busca pelo perfeito, mas da escuta, da empatia e da vontade genuína de transformar a realidade de alguém.

Mais do que ajudar Samuel, essa jornada me ensinou sobre amizade, resiliência e sobre como a tecnologia só faz sentido quando está a serviço das pessoas.
Acesse o link para saber mais sobre a história do Andrian: https://www.adriananantawan.com/
















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